Outono

E' como um pobre doente de ictericia
O sol amarellado. Causa dó
Vel-o, assim, como quem uma caricia
Supplica e não n'a tem, enfermo e só.

Hontem, radiante no Alto, uma delicia
E a fital-o, derramando em pó
Ouro a rodo... Dir-se-ia a esponsalicia
Festa da Terra e de Helio, ao sol-e-dó.

Hoje arvores fenecem como sonhos
Aureos, sonhados quando a primavera
Do amor enflora corações risonhos.

Tal como o sol, soturno e no abandono,
Se fica, porque a morte só se espera,
Ao vir da vida o doloroso outono.

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