Ao Hypolito Pereira
Olhos de estrella que a treva espanca,
Que a treva esgarça...
Passa, perpassa de branco, branca.
Como uma garça.
Ao sol ardente que lyrios cresta
Resplende a côma,
De onde se evola o suave aroma
De malva e giesta.
Labios vermelhos, macia rosa
De rubra cor;
Divina bocca, boca olorosa.
Como uma flor.
Pisa de manso, com tanta graça,
Mal se presente...
Parece uma ave quando esvoaça
Serenamente.
Em côro dizem todos ao vel-a
Passar tão leve:
"Visão sublime de um sonho breve!
"Rutilla estrella!
"Astro que d'alma desfaz a treva"
"Mytho, phantasma,
"Chimera, duende, sonho que enleva
"Seduz e pasma!
***
Lyrio dos lyrios! O' branco lyrio!
O' flor! O' luz!
Esgarça a treva do meu martyrio,
Tira-me a cruz...
Ando arrastado pelo caminho
Da desventura!
Nem um consolo, nem um carinho
De uma alma pura!...
Ermo de affectos me vejo agora
O' luz! O' flor!
Faze-me n'alma surgir a aurora
Fulva do amor.
Lyrio dos lyrios! O' branco lyrio!
O' flor sem par!
Espanca a treva do meu martyrio
Com teu olhar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário