Trovas

Dizem que consola o pranto
Os males do coração,
E eu tenho chorado tanto
Sem lograr consolação.

Eu era alegre e sou triste
Como è triste a mulher louca.
Desde o dia em que partiste
O riso morreu-me á bocca.

Deixou-me a felicidade
Ao me deixares tambem,
Hoje vivo da saudade
Que me deixaste, meu bem.

Ainda sangra a ferida
Que me fizeste ao partir...
Ai vida, que não é vida
Quando não se pode rir!

Amores! Quem não os sabe
Não os procure saber,
Porque assim talvez acabe
Sem o pranto conhecer.

Tem caprichos o deos Eros,
Faz gozar e faz soffrer.
Por horas de agrores feros
Troca instantes de prazer.

Amei-te. Feliz minuto
Foi o minuto de amor...
Partiste... tarjou-me o luto
E choro cheio de dor.

Diario da Tarde (08/10/1910), como “Jansen de Capistrano”

Nenhum comentário:

Postar um comentário